Arroz com feijão é reconhecido pela ONU como um dos alimentos mais saudáveis do mundo

Clássico da culinária brasileira se destaca por seu valor nutritivo, baixo impacto ambiental e papel estratégico na cultura e segurança alimentar da população 

Uma das combinações mais presentes no prato do brasileiro atinge reconhecimento internacional. Arroz com feijão foi incluído como um dos alimentos mais saudáveis do mundo, informação promovida pela Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO), reforçando a importância desse alimento simples, acessível e nutritivo. 

Em estudo realizado pela universidade de Harvard, ficou evidenciado que a união do arroz com o feijão fornece uma série de benefícios nutricionais: proteínas de boa qualidade, ferro, fibras, vitaminas do complexo B, entre outros nutrientes essenciais, tornando-se assim uma refeição completa. Essa composição contribui significativamente para a prevenção de doenças crônicas e para o fortalecimento da imunidade. 

O estudo ainda reforça que padrões alimentares com base em vegetais, grãos integrais e alimentos minimamente processados apresentaram os melhores resultados para a saúde física, mental e emocional até a terceira idade. 

A base da segurança alimentar e da saúde coletiva 

Para além de seus atributos nutricionais, o arroz com feijão também representa um exemplo concreto de alimento que promove a segurança alimentar. Por ser amplamente acessível, essa combinação está presente na mesa de milhões de brasileiros diariamente, inclusive em políticas públicas como a alimentação escolar, fortalecendo o direito humano à alimentação adequada e saudável. 

O amplo acesso explica que grande parte dos brasileiros estão consumindo diariamente uma combinação saudável, contribuindo com a saúde coletiva e bem-estar da população. 

Alimento que cuida da terra 

Do ponto de vista ambiental, o cultivo do feijão possui uma função importante para a sustentabilidade agrícola: por ser uma leguminosa, a planta fixa naturalmente o nitrogênio no solo, o que reduz a necessidade de fertilizantes químicos responsáveis por emissões de gases de efeito estufa e contaminação ambiental. 

De acordo com Raul Benitez, representante regional da FAO, “as leguminosas são uma fantástica fonte de proteína vegetal, têm baixo índice de gordura, são livres de colesterol e glúten e são ricas em minerais e vitaminas”, sendo fundamentais para a alimentação saudável e a preservação do meio ambiente. 

Da mesa à memória: por que precisamos preservar o arroz com feijão 

Embora o arroz com feijão continue sendo símbolo da alimentação brasileira, o consumo dessa combinação tem apresentado queda nas últimas décadas. Um estudo da Universidade Federal do Ceará, com base em dados das Pesquisas de Orçamentos Familiares do IBGE (2008–2009 e 2017–2018), identificou uma redução no consumo habitual de arroz, feijão, frutas e laticínios, acompanhada por um crescimento do consumo de sanduíches e alimentos ultraprocessados.  

Já segundo a Embrapa, a queda no consumo é ainda mais acentuada: entre 1985 e 2021, o consumo anual per capita de arroz passou de cerca de 42 kg para 29,2 kg, e o de feijão caiu de 19 kg para 12,8 kg.  

Esses dados refletem uma transição alimentar impulsionada por mudanças no estilo de vida, perda de hábitos culinários tradicionais e pelo aumento do custo desses alimentos, que subiram acima da inflação nos últimos anos. A diminuição do consumo da dupla não representa apenas um impacto nutricional, mas também cultural, já que o arroz com feijão constitui uma prática alimentar historicamente enraizada na sociedade brasileira. Se essa tendência não for revertida, corremos o risco de comprometer a qualidade da dieta da população, aumentar a incidência de doenças crônicas e enfraquecer a segurança e a soberania alimentar do país.