Morango do Amor é Para Todos?

Com orientação nutricional, até o doce mais hype do momento pode ser consumido por quem tem diabetes  

A sobremesa, conhecida por cobrir morangos frescos com brigadeiro branco e uma camada dura e brilhante de caramelo, ganhou nova vida nas redes sociais. Vídeos de pessoas mergulhando a fruta em caldas translúcidas e ouvindo o “crec” da mordida conquistaram milhões de visualizações no TikTok e no Instagram. Mas junto com o apelo visual e afetivo, surge também uma preocupação comum: pessoas com diabetes podem consumir esse tipo de doce? 
 
A resposta é sim, desde que haja atenção à composição dos ingredientes e às orientações nutricionais adequadas, conforme explica a nutricionista e membro da Câmara Técnica do CRN-3, Dra. Silvia Cristina Ramos, que atua no acompanhamento de pessoas com diabetes.  
 
“A dieta de quem tem diabetes precisa pensar na quantidade de carboidratos e nas trocas diárias. Na maioria dos casos, não há um impedimento de comer uma coisa ou outra, mas sim dosar e substituir. Vale um almoço rico em fibras com bastante vegetais e fontes de proteínas e reduzir os carboidratos deste prato”, afirma a especialista. 
 
Ou seja, mesmo um doce como o Morango do Amor pode entrar no cardápio- especialmente se for preparado com alternativas que ajudem no controle glicêmico. 
 
Alternativas ao caramelo tradicional ganham espaço 
 
Um dos grandes desafios ao adaptar sobremesas para pessoas com diabetes é substituir o açúcar refinado sem comprometer a textura e o sabor. Neste caso, uma substância vem se destacando tanto entre nutricionistas quanto no meio gastronômico: a isomaltulose, também conhecida como palatinose. 
 
Trata-se de um carboidrato derivado do açúcar da beterraba, obtido por meio de um processo enzimático que altera a estrutura molecular da sacarose. A grande vantagem da isomaltulose está em seu índice glicêmico mais baixo, o que significa que ela é digerida e absorvida lentamente, liberando energia de forma gradual e evitando picos rápidos de glicose no sangue. 
 
Além dos benefícios metabólicos, a isomaltulose consegue atingir ponto de caramelo, o que a torna uma substituta viável do açúcar comum em receitas que exigem textura crocante e brilho, como no caso do Morango do Amor. Essa versatilidade tem chamado atenção de chefs de cozinha e confeiteiros que buscam versões mais equilibradas para doces populares. 
 
Comer com prazer e responsabilidade 
 
A redescoberta de sobremesas clássicas, agora repaginadas com ingredientes mais adequados a diferentes perfis de saúde, reforça uma ideia que ganha cada vez mais força entre nutricionistas: alimentação equilibrada não é sinônimo de restrição. 
 
O conceito de dieta não está ligado ao emagrecimento, mas sim a uma alimentação individualizada, que atenda às necessidades específicas de cada pessoa. Alimentos afetivos e tradicionais, como o Morango do Amor, podem ser incluídos dentro de uma lógica de moderação e planejamento.  
 
A possibilidade de adaptar receitas faz parte de um movimento maior em prol da nutrição inclusiva, que leva em conta não apenas os aspectos clínicos, mas também os sociais, culturais e emocionais da alimentação. Iniciativas como a Campanha Nutrição Sem Estereótipos, do CRN-3 - Conselho Regional de Nutricionistas da 3ª Região, reforçam esse posicionamento. A proposta é desconstruir a ideia de que uma alimentação saudável precisa ser padronizada, cara ou sem prazer. 
 
Para saber mais sobre práticas alimentares sem estigmas, acesse a página da Campanha Nutrição Sem Estereótipos, disponível no nosso portal!