23 de abril de 2024
Utilização Integral dos Alimentos
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Pessoas LGBTQIA+ ainda enfrentam barreiras significativas no acesso à saúde. Por isso, a prática nutricional precisa ser ética, acolhedora e livre de estigmas
Em 28 de junho, o mundo celebra o Dia Internacional do Orgulho LGBTQIA+, uma data que reforça a importância da luta por direitos, respeito e inclusão das pessoas lésbicas, gays, bissexuais, trans, queer, intersexuais, assexuais e outras identidades de gênero e orientações sexuais. O marco remonta à Revolta de Stonewall, em 1969, nos Estados Unidos, um levante contra a repressão policial em um bar gay que se transformou em símbolo da resistência LGBTQIA+.
No Brasil, cerca de 20 milhões de pessoas (10% da população), se identificam como LGBTQIA+, de acordo com a Associação Brasileira de Gays, Lésbicas, Bissexuais, Travestis e Transexuais (ABGLT).
Por aqui, ainda que um dos países com maior população LGBTQIA+ do mundo, os desafios são imensos: segundo levantamento da organização Transgender Europe, o país lidera o ranking global de assassinatos de pessoas trans. Além disso, o preconceito estrutural ainda impacta áreas essenciais como educação, mercado de trabalho e, principalmente, o acesso à saúde plena e respeitosa.
Criminalizada no Brasil, desde 2019, a homofobia está atrelada à Lei de Racismo (7716/89), que hoje prevê crimes de discriminação ou preconceito por “raça, cor, etnia, religião e procedência nacional” - e contempla atos de “discriminação por orientação sexual e identidade de gênero”. Por isso, ainda que usado o termo de homofobia para definir essa lei, todas as outras pessoas LGBTQIA+ são contempladas.
Nutrição Sem Estereótipos
Pouco se fala, mas a nutrição é uma ferramenta poderosa na promoção da saúde integral da população LGBTQIA+.
A alimentação adequada e equilibrada não só previne doenças como também fortalece a saúde mental e a autoestima - aspectos fundamentais para um grupo frequentemente exposto a estigmas, discriminações e vulnerabilidades sociais.
Neste contexto, a Campanha Nutrição Sem Estereótipos, criada pelo CRN-3, busca a promoção da saúde e educação alimentar e nutricional livre de estigmas e focada na inclusão e diversidade.
Especialistas em nutrição e saúde pública têm defendido a importância de um atendimento nutricional inclusivo, livre de preconceitos e centrado no acolhimento. Isso é especialmente relevante para pessoas trans e não-binárias, que muitas vezes enfrentam barreiras no acesso a serviços de saúde e alimentação adequada durante processos hormonais ou de transição corporal.
Para pessoas transgênero, a transição de gênero vai muito além de transformações externas. Trata-se de um processo complexo, que envolve corpo, mente e identidade. E é justamente nesse percurso que a nutrição se torna uma aliada fundamental, principalmente quando há a escolha pela hormonização.
Interface entre nutrição e comunidade LGBTQIA+:
§ Pessoas trans em uso de hormônios podem necessitar de orientações específicas quanto a nutrientes, como cálcio, vitamina D e proteínas, que afetam diretamente a composição corporal, metabolismo e saúde óssea.
§ Populações vulneráveis, como LGBTQIA+ em situação de rua ou expulsos de casa, têm risco aumentado de insegurança alimentar e desnutrição.
§ A alimentação pode ser uma aliada no cuidado com a saúde mental, considerando que ansiedade, depressão e transtornos alimentares são mais prevalentes entre pessoas LGBTQIA+, principalmente jovens.
§ A falta de representatividade e capacitação em cursos da área de saúde pode levar a abordagens inadequadas ou estigmatizantes nos atendimentos clínicos, prejudicando a adesão e o cuidado contínuo.
A importância da nutrição na transição de gênero
Durante a transição hormonal, ocorrem mudanças fisiológicas importantes que exigem atenção especial à alimentação. A terapia hormonal pode impactar o metabolismo, o apetite, e a composição corporal - influenciando diretamente o estado nutricional e as escolhas alimentares de cada pessoa.
A nutricionista Ísis Gois CRN-3 62286, destaca:
“No primeiro ano de transição hormonal, as mudanças são mais intensas, principalmente em relação à redistribuição de gordura no corpo. O acompanhamento nutricional neste contexto se volta à prevenção, qualidade de vida e atenuação dos efeitos colaterais que essa hormonização pode trazer”.
Mas é importante lembrar: nem toda pessoa trans ou travesti deseja ou realiza a hormonização. A decisão é individual e deve ser respeitada - a nutrição deve estar a serviço do cuidado integral, independentemente do caminho escolhido.
Escuta ativa, acolhimento e respeito
Pessoas LGBTQIA+ ainda enfrentam barreiras significativas no acesso à saúde. Por isso, a prática nutricional precisa ser ética, acolhedora e livre de estigmas. Isso significa ouvir com atenção, respeitar as individualidades e oferecer um atendimento sensível às necessidades específicas de cada pessoa.
Essa escuta ativa também deve estar presente em políticas públicas, que garantam não só acesso, mas acolhimento e cuidado contínuo.
29ª Parada do Orgulho LGBT+ de São Paulo: Memória, Resistência e Futuro
Neste mês, São Paulo recebeu a 29ª edição da Parada do Orgulho LGBT+, realizada no último dia 22 de junho. Com o tema "Envelhecer LGBT+: Memória, Resistência e Futuro", o evento celebrou a trajetória e as conquistas das pessoas LGBTQIA+ 60+, reconhecendo os desafios enfrentados e a importância de preservar suas histórias.
A longevidade da população LGBTQIA+ precisa ser pauta nas políticas de saúde, e isso inclui a alimentação como pilar da qualidade de vida ao longo dos anos.
Caminhos para uma Nutrição Inclusiva
A inclusão da perspectiva LGBTQIA+ nas práticas nutricionais vai além do consultório. Envolve educação alimentar com linguagem acessível, políticas públicas específicas, formação de profissionais conscientes e a criação de ambientes seguros para o cuidado com o corpo e a alimentação.
A boa notícia é que essa mudança já começou: cursos de nutrição e instituições de saúde têm incorporado, ainda que timidamente, temas sobre diversidade sexual e de gênero. A presença de profissionais LGBTQIA+ nas ciências da saúde também vem sendo um catalisador de mudanças positivas, tanto no atendimento quanto na produção de conhecimento.
Orgulho é Nutrir e Incluir
Celebrar o Dia Internacional do Orgulho LGBTQIA+ é também refletir sobre como nossas práticas cotidianas - inclusive a forma como comemos e cuidamos da saúde - podem ser mais inclusivas e empáticas. A nutrição, enquanto ciência da vida, deve estar a serviço de todos os corpos, todas as identidades, todos os amores.
Em um país com tanta desigualdade, nutrir com respeito é um ato de resistência. Que o orgulho de ser quem se é possa também vir acompanhado do direito de comer bem, viver com saúde e ser acolhido em todas as dimensões da existência.
Para se aprofundar no tema
O CRN-3 tem se dedicado a produzir conteúdos relevantes e educativos para profissionais da saúde e toda a sociedade. Confira alguns materiais para quem deseja entender mais sobre a interface entre nutrição e diversidade:
LIVE PAPO COMCIÊNCIA: Nutrição LGBTI+
LGBTQIA+: a complexa realidade que envolve a nutrição e a saúde de pessoas trans
Acolhimento e cuidado a pessoas LGBTQIA+
Guia de cuidado e atenção nutricional à população LGBTQIA+
Guia Alimentar para a População Brasileira
Cadernos LGBTQIA+ Cidadania - Promoção e Defesa dos Direitos das Pessoas LGBTQIA+
Como denunciar a LGBTQIA+fobia
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